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Tema do Mês

Este espaço destina-se a apresentar um assunto de interesse à pesquisa. Documentos exibidos em centros de pesquisa ou entrevistas com professores da área serão exibidos a fim de que possamos abordar aspectos relevantes aos pesquisadores nos mais diversos segmentos da Odontologia.
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Análise Crítica da Pesquisa Nacional

O desenvolvimento científico de um país está fortemente associado ao desenvolvimento econômico e social do mesmo, uma vez que Ciência e Tecnologia estão atreladas ao desenvolvimento humano. Para o crescimento de uma área científica, a pesquisa é essencial e isto pode ser denotado quando comparamos o desenvolvimento científico e tecnológico de alguns países. Tomemos como exemplo o Brasil e a Coréia. Enquanto em 1984 o Brasil produzia aproximadamente 1900 artigos científicos (Science Citation Index), na Coréia estes valores ficavam em torno de 400. Em 1990, o Brasil atingiu 3000 artigos e a Coréia, 1500. No final da década de 90, o Brasil produziu 5950 artigos, tendo a Coréia suplantado esta produção.
Para o desenvolvimento da ciência são necessários fortes investimentos, e o que se percebe é que no Brasil, mais de 80% das atividades de pesquisa são realizadas em universidades e institutos de pesquisa públicos, 10% são financiadas pela indústria e 8% pelo governo. Em outros países, como os EUA, Japão e Alemanha, 70% são financiadas pela indústria, 20% por universidades e institutos de pesquisa e 10% pelo governo.
Refletindo sobre a pesquisa no que se refere à propriedade intelectual, as patentes, percebemos que os países fortemente financiados por indústrias são os que mais as registram. O Brasil, que fica com aproximadamente 1,6% da produção intelectual mundial, tem apenas 0,1% das patentes registradas. Comparando-nos com a Coréia, que tem percentuais de produção intelectual semelhantes, verificamos que 1% das patentes registradas são coreanas.
Analisando os índices de crescimento da Pesquisa Odontológica Brasileira ao tomar como base a SBPqO nos seus 18 anos, verificamos que foram publicados 6744 resumos, sendo que no primeiro encontro(1984) foram apresentados 54 trabalhos, em 1990, 179 e no final da década, este número atingiu a cifra de 1200. Ao analisarmos a totalidade de resumos, notamos que 21% abordam a área de Materiais Dentários, enquanto áreas de muita importância como Cariologia, Semiologia e Ciências Sociais em Saúde não são tão bem representadas. Esta evolução numérica tem um paralelo com o aumento do número de cursos de pós-graduação, uma vez que a maior parte da produção intelectual nela se concentra. Mas se pensarmos no impacto que seria representado pela apropriação do conhecimento através das patentes, percebemos que a Odontologia Brasileira ainda não se despertou para sua importância.
Em termos de perspectivas, vemos a necessidade de serem desenvolvidos mais estudos do tipo ensaio clínico, que hoje são minoria em relação aos laboratoriais, de serem estudadas alternativas brasileiras, com aproveitamento de materiais, técnicas e propostas coletivas, para que o conhecimento gerado retorne para a população brasileira, pois a ciência não é um fim em si mesma, mas um meio para alcançar benefícios sociais.

Prof. Dra. Ellen Marise de Oliveira Oleto
Profa. Adjunta da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais – Depto. de Odontologia Restauradora – Disciplina de Clínica Integrada


Profa. Dra. Isabela Almeida Pordeus
Profa. Adjunta (IV) de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da UFMG
Mestre em Odontopediatria pela FOUSP
Doutora em Epidemiologia pelo University College of London.
SBPqO - Vogal da Sociedade para Minas Gerais. Participou como coordenadora de áreas de grupo de estudo, apresentadora e orientadora de trabalhos em anos anteriores.


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